Experiências fotográficas em filme e outras analogias...

Yashica Mat 124 B, a minha primeira TLR

A Yashica criou uma longa série de câmeras TLR que evoluíram gradualmente ao longo dos anos. A linha MAT, introduzida em 1957, foi a primeira com avanço do filme por manivela da Yashica, que avança o filme e o coloca na posição do próximo frame automaticamente.
Yashica Mat-124 B é praticamente a mesma coisa que a 12 e a 24, só que tem a capacidade de trocar entre os filmes 120 e 220. Mas ela não tem fotômetro como a Yashica Mat 124G.

Yashica Mat 124 B

A diferença entre o filme 120 e o 220 é que o primeiro tem 12 poses no formato 6×6 e o segundo tem o dobro, 24 poses. Mas para ter essa quantidade a mais de filme pra dobrar o número de fotos ele não tem o papel protetor ficando totalmente exposto, por isso a câmera precisa ter a manivela com o posicionamento exato do filme sem precisar olhar por aquela janelinha na traseira da máquina, que ia encher de luz o filme 220 não protegido.

yashica-mat-124-b-013

A história da Yashica Mat

A Mat não foi a primeira TLR da Yashica. Em 1953 ela lançou a Pigeon 6×6, depois lançou a YashimaFlex (o nome da empresa inicialmente era Yashima desde 1945 e mudou para Yashica em 1958, mas isso é uma outra conversa).

Como a Yashica Mat é basicamente uma cópia das Rolleiflex, o seu funcionamento e controles são bem parecidos, além de ser compatível com os acessórios Bay 1 para Rolleiflex.

Yashica Mat 124 B

Yashica Mat 124 B

Fotografando com uma TLR

TLR vem de Twin Lens Reflex, lentes gêmeas. Você enquadra a foto usando a imagem refletida que vem de uma lente instalada acima da lente principal que vai expor o filme. Como a imagem refletida por um espelho é projetada em um vidro despolido no topo da câmera, pra enxergar você precisa deixar a câmera na altura da sua barriga e olhar para baixo.
É uma ótima câmera para quem quer entrar no mundo da fotografia 6×6, mas com qualidade ótica e mecânica. E não tem nada mais elegante que fotografar com uma TLR na altura da barriga, de cabeça baixa olhando o grande visor em tamanho real no topo dela.
Não é uma câmera para fotos rápidas. A posição de fotografar não favorece a velocidade mas o fato da imagem dentro do visor ficar invertida em relação à realidade torna a composição e enquadramento algo que precisa ser pensado com calma e cuidado.

Robert Doisneau e a reverência ao fotografado

Robert Doisneau dizia que a fotografia com sua TLR (uma Rolleiflex) era como um ato de reverência ao fotografado. Ao deixar a câmera na altura da barriga nos curvamos, respeitosamente, diante do objeto da fotografia. Bonito isso.

Autoretrato de Robert Doisneau - 1947

De qualquer forma é um belo exercício de visão fotografar com uma TLR e a Yashica Mat é uma opção bastante acessível para quem não pode bancar uma Rolleiflex.

Especificações Técnicas

  • Lente: Yashinon 80mm f3.5 de 4 elementos
  • Aberturas: f3.5 f16, f22
  • Obturador: Copal SV, B e 1 a 1/500
  • Flash: cold shoe (sem contato) e contato para cabo PC
  • Formato: 6×6, 12 ou 24 poses
  • Visor: vidro despolido + lupa x3 para foco crítico

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24 comentários

  1. marcogomes diz:

    Fiz umas fotos com filme 120 na cracolandia, curti mto o resultado:
    http://www.flickr.com/search/?q=cracolandia+120film&w=39802787%40N00&z=m

    Devia existir um clube de aluguel de cameras. Quero mto pegar uma TLR novamente p/ queimar uns filmes 120 que ainda tenho aqui, mas nao quero comprar uma TLR pra isso. O ideal seria pegar a camera emprestado (nao tenho mto contato pessoal com fotografos) ou alugar. Seria mto legal poder alugar cameras antigas.

  2. Wellington Amancio diz:

    Olá. Tenho uma dessas, comprei esses dias, usei três rolinhos da Lomography. Porém, não estou conseguindo revelar este formato por aqui (no interiorrrrrrrr). poderia me indicar bons lugares para fazer isso, como e-mail e número telefônico? Grato, como sempre… é aprendendo muito neste site!

  3. Wellington Amancio diz:

    Como vc me indicou certa vez uma Holga, estou aguardando chegar uma CFN 120, assim poderei comparar com a Yashica Mat, não as questões de qualidade de fotos mais os aspectos lúdico e oníricos das duas câmeras 6×6.

  4. julio[dx] diz:

    Boa ideia, hein!
    Eu emprestaria a minha numa boa, já fizemos troca de câmeras no LomoBR!

  5. julio[dx] diz:

    Tem vários links com listas de laboratórios pra revelar numa boa, Wellington, pega aí:

    Onde fica o “interiorrrrrr”? Valeu a visita, que bom que tem aprendido com os artigos, a ideia é bem essa!

  6. Wellington Amancio diz:

    não sei se a pergunta é indevida, mas onde você da preferência em revelar suas 120mm?
    sim, estou querendo adquirir uma mamiya médio formato, sabe não quem tem? (sou do inteior de alagoas, do lugar onde unanimemente todos, sim TODOS, os fotógrafos dizem que a trip 35 é a melhor câmera pra se trabalhar – passei a crer nisso após assistir naquele documentário câmera fotográfica nordestina).

    Ora, não fotografo para ganhar dinheiro, mas quando quero algo sério, uso uma EOS 30 (Elan 7) ainda não conheço NIkon, me indique uma totalmente mecânica e outra Nikon Top à bateria (quero queimar um kodak tri-x 400 das galinhas que minha mãe cria no quintá – brincadeira….).

    Recomendo que depois você nos traga algo sobre a velha e pesadona Praktica MTL 3, 5, e outras….

    welliamancio@hotmail.com

  7. Victor Lima diz:

    Uma dessas já foi minha companheira de trabalho há quase 40 anos atrás.Tinha um studio de fotos para documentos (Meier-RJ)e usava uma dessas para fotos em “15 minutos”.Usavamos um pequeno chassis de chapa fina de metal DIY e cortava o filme 120 no tamanho para uma pose numa camara escura pequena no salão do proprio estudio.Nessa mesma camara revelava e fixava o pedaço de filme 6×6 e levava ainda molhado para o laboratorio ou “quarto escuro” como se falava.Lá na prensa de luz, colocava o negativo molhado no vidro, esticava um pedaço de plastico transparente por cima e alisava e secava com uma toalha.Imprimia o positivo no Ektalure D,revelava,fixava e secava na boca do fogão.Tudo em 15 minutos!Tenho fotos feitas nesse processo em perfeito estado até hoje.Desculpe me estender um pouco mais, mas a visão da 6×6 me trouxe muito boas lembranças nesses tempos digitais.

  8. julio[dx] diz:

    Lindo isso, Victor! Daria pra compsrtilhar alguma dessas fotos? E hj é possível de fazer?
    Abraço e obrigado por contar essa história pra gente!

  9. Vitor. Poderia postar, ou fazer um blog com as melhores fotos deste período? Estamos desejosos de apreciar seu trabalho cotidiano daquela época. Grato

  10. Victor Lima diz:

    Obrigado pelas manifestações amistosas.A fotografia está na minha família desde meu bisavô que foi fotografo “retratista” em Recife, Salvador e no Rio de Janeiro.Passei muitos dias na casa-estudio de minha avó na Rua Marechal Floriano (Rua Larga-RJ), tb conhecida como a “Rua dos Fotos” nas décadas de 50/70, com cheiro de Metol, Hipossulfito e Hidroquinone, usados para fabricar os banhos.Eram muitas chapas de cristal por todos os lados e negativos 18×24 de acetato que infelizmente se perderam com o tempo(tambem eram vendidos para recicladores que retiravam a prata dos negativos).As fotos a que me referí eram fotos para documentos (Cart de Identidade, motorista, passaportes) e as que tenho até hoje são as que estão em meus documentos e algumas poucas perdidas pelas caixas que guardamos.Se achar alguma coisa interessante prometo compartilhar.
    Quanto à pergunta do Julio se hoje seria possível reproduzir o processo, só depende dos materiais e equipamentos (máquinas, filmes, banhos, papéis) que cada vez se tornam mais raros, mas o processo é quase o mesmo dos lambe-lambe que nem sei se existem mais em algum lugar.

  11. Júlio, por acaso você teria algum material técnico sobre as MAT? Eu até consegui um conjunto de vistas explodidas delas (da 124G), mas gostaria de algo um pouco mais “palatável”.
    É que estou com um problema chato na minha 124G: girando a alavanca de avanço do filme o obturador não arma. Desmontei a parte frontal e verifiquei que a alavanca interna não está se deslocando o suficiente para armar o obturador (se continuar o movimento com auxílio de um “empurrãozinho” o obturador arma normal).
    Vai ser um dos próximos projetos de restauração – pelo menos eu espero!

    Grande abraço

  12. Paulo, não tenho, infelizmente. Mas eu também nunca busquei nada parecido, minha MAT parece estar em perfeitas condições!

    Então, já viu esse link aqui com o service manual da MAT? Foi isso que você achou?

    E tem esse cara aqui que desmontou a frente da MAT dele

    Agora olhei bem por aí e acho que os Manuais de Reparo são feitos para os técnicos de manutenção, que conhecem da coisa, por isso são apenas guias de montagem e desmontagem. Queria ter ajudado mais!

    E valeu pelo toque de novo, do link quebrado!

  13. Julio, o manual que eu tenho é exatamente este, e encontrei em alta resolução (se precisar, tá na mão). O do flickr eu não tinha visto não, muito bom!
    Bem, tem alguns manuais que são bem detalhados, com sequencias de desmontagens e explicações sobre pontos específicos. Mas a maioria é de vistas explodidas mesmo. Tenho inclusive um, sobre as rolleiflex, com mais de 400 páginas, tudo de vistas explodidas.
    E claro, se precisar de algum manual (tenho vários) é só pedir.

  14. Alex diz:

    Olá Amigos.
    Eu tenho uma dessas quem desejar comprar entre em contato. Não queria me dispor dela mas, as coisas estão meio apertadas então com muita trsiteza eu estou a vender.

    Interessados por favor escevam para espaco13musical@gmail.com

    Falar com Alex.

  15. joao diz:

    oi boa noite a todos adorei ler os comentarios acima.
    vcs com certeza tem historias pra contar , muito legal.
    acontece que tenho uma dessas que ficou de herança do meu querido pai
    gostaria de vende-la sera que alguem se enteressa?
    de qualquer forma adorei conhecer vcs.

  16. Luana diz:

    Eu adoraria uma dessas, só falta achar uma em bom estado para comprar, o problema é que as poucas que acho são na faixa de 1000 reais e nem funcionam –‘ Nesses momentos adoraria ter nascido nos anos 60…

  17. vera diz:

    tenho uma yashica A com capa higinal e manual que funciona. Nova se é que pode se dizer assim.
    estou vendendo pela melhor oferta .

  18. admilson diz:

    eu tenho duas para venda funcionado em pefeita estado de consercao

  19. CARLOS SANTANA diz:

    Olá,

    Onde posso fazer manutenção de uma YASHICA MAT 124 em São Paulo /SP?

  20. Carlos, os melhores lugares pra descobrir isso são a galeria 7 de abril e as lojas da rua conselheiro crispiniano. Tinha um site com dicas de locais bacanas pra fazer manutenção de máquinas. Olha uns lugares em SP:

    Celso Eberhardt: (11) 3104-5402. R. São Bento, 279, 5 andar.

    Sr. Perez (Anatec): (11) 3259-2387 R. Sete de Abril, 125 – 2º, São Paulo, SP.

    Optsom: R. Cel. Xavier de Toledo, 316-11o andar – São Paulo – SP Fones:(11)3257-2161/3259-7999/3256-8623/3256-5888

    Medagli: R. 7 de abril 123 2º sala 212 tel 3255 7976

  21. Carlos Santana diz:

    Obrigado Júlio França!!!!

  22. Ednardo Benevides diz:

    Muito interessante mesmo. Sou um calouro nesse ramo e, dispondo de uma Yashica-A, sei apenas que usa o filme 120mm. Entretanto, ao procurá-lo, vi que ele possui outros tipos de ISO. Vi um 400 e outro 800, mas não compreendo. Quais as diferenças e quais são as recomendações para um iniciante como eu?

  23. Anderson diz:

    Tenho uma em perfeito estado com maleta original. Qual o valor para este item. Gostaria de vender.

  24. Não tenho ideia, depende muito do estado da câmera e quem tem interesse em comprar, dá uma avaliada nas câmeras a venda no mercado livre que dá pra ter uma ideia de quanto pode vender a sua!
    É uma ótima câmera!

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